Brasil pode ser o laboratório vivo das Soluções Baseadas na Natureza
“A cidade é viva. A gente só precisa lembrar ela disso.” disse Tomaz Lotufo
Bom diiiia,
Hoje vim lembrar que não há ciência mais antiga e eficaz do que observar os fluxos da vida (a natureza, a floresta, a gente) para criar novas perspectivas, e assim nasceu, a filosofia, a matemática, a arquitetura, e grandes sonhos.
Para 1 minuto para imaginar o mundo que você quer viver.
Sonhar é tipo voar dentro de si mesmo.
Agora, por exemplo, eu tô voando por uma São Paulo que eu vou de bike até o Rio Tietê e dou um mergulho antes de começar a trabalhar.
Difícil imaginar, né?
Mas a real é que “a gente não consegue desejar se a gente nem consegue imaginar, a gente tem um déficit de criatividade” disse Claudia Visoni no curso que ela organizou sobre Soluções Baseadas na Natureza, e esse é um convite pra gente desejar mais ainda.
É, parece que sonhar é o primeiro passo para uma criação que regenera, é o sonhar que cria o desejo de viver.
Nessa edição, compartilho os aprendizados que brotaram por lá:
O que são as Soluções Baseadas na Natureza.
Maior projeto no Brasil
Principais Desafios
Notícias (juro tem umas muito boas!)
Destaques Regenerativos recentes
Nos últimos anos, cresceu (e muito) o interesse por “Soluções Baseadas na Natureza” no Brasil. Uma busca rápida no Google Trends mostra que estamos no pico de número de pesquisas sobre o termo, ou seja, tem mais gente querendo entender, aplicar, discutir, e principalmente viver um outro jeito de se relacionar com as cidades e com o ambiente natural ao redor.
Curiosidade: o estado do Brasil que mais procurou por “Soluções Baseadas na Natureza” foi o Distrito Federal, enquanto São Paulo está em 8 lugar!
Quem olha para o cenário climático, para as enchentes, para o calor insuportável das cidades e até para a solidão urbana, sabe: não dá mais para separar natureza e vida cotidiana.
Mas nem tudo são flores (ainda).
Apesar da pauta ter ganhado espaço em seminários, diretrizes públicas e até campanhas eleitorais, na prática, ainda falta chão.
Mas peraí, o que são as Soluções Baseadas na Natureza?
São estratégias que utilizam os processos e elementos da própria natureza como vegetação, solo, água e biodiversidade para enfrentar desafios sociais, ambientais e econômicos.
Segundo a USP: “é um termo guarda-chuva criado pela União Europeia que contempla soluções de engenharia que mimetizam os processos naturais.”
A cidade está muito quente? Árvore é um ar condicionado que consome carbono, e ainda regenera o solo.
Muita enchente? Respeitar os rios, suas margens, sem construções, sem canalização, só deixar ele ser quem ele é mesmo, seria mudança de paisagem, e melhor drenagem da água.
Escassez de água e comida? Agrofloresta é a combinação perfeita para resgatar biodiversidade e nascentes, enquanto produz comida e os frutos mais gostososss. Imagina rio limpo e jabuticaba por todo lado?
Sonhar é a primeira fase de um futuro otimista.
Soluções Baseadas na Natureza (sbn) são caminhos contra o colapso das cidades
As cidades são responsáveis por mais de 75% das emissões globais de gases de efeito estufa, apesar de ocuparem menos de 5% da superfície terrestre, concluiu o relatório da Agência Internacional da Energia.
Parabéns pra gente que conseguiu pegar um espacinho do planeta e estragar todo o resto.
Pior ainda é pensar que 40% do crescimento urbano ocorre em assentamentos informais, onde as condições de vida precárias aumentam a vulnerabilidade das populações aos impactos climáticos. Por isso, surgiu o termo justiça climática.
E pra onde corremos agora?
Observação e imitação do sistema mais equilibrado que existe, a floresta, a natureza (que também somos nós, mas a gente meio que deu uma esquecida).
As SBN (Soluções Baseadas na Natureza) surgem como necessidade e resgate dos benefícios naturais para restaurar ecossistemas. Pura regeneração.
O maior projeto de Soluções Baseadas na Natureza do Brasil fica em Niterói: o Parque Orla Piratininga
Alguém sonhou bonito, foi lá e fez!
Mais do que um espaço para correr, o Parque Orla Piratininga se tornou um espaço público referência por ter incluído jardins filtrantes que purificam a água da chuva sem precisar de produtos químicos.
Um espaço que, além de recuperar áreas degradadas, virou palco para a cultura, o esporte e a convivência. E mais: conectado à cidade por transporte público e ciclovias, promovendo mobilidade limpa e acessível para todos.
Esse é um exemplo do que poderíamos fazer em todas as cidades desse Brasilzão e nos tornarmos logo protagonista climático, aumentando renda, ecologia e auto estima. Imagina a festa que a gente faria, lixo zero, ainda.
Nosso maior desafio de principiantes: não tem regras, ainda.
Parece brincadeira, mas não é: ainda estamos tateando no escuro quando o assunto é Soluções Baseadas na Natureza no Brasil. Não existem normas unificadas, nem diretrizes claras.
E as cartilhas que poderiam nos guiar? Existem, três, mas não falam a mesma língua, não compartilham os mesmos critérios, nem se conectam entre si.
💡 Cada uma olha para o tema por um ângulo:
O Catálogo Brasileiro de SBN, organizado pelo OICS e CGEE, apresenta mais de 150 iniciativas mapeadas, mas não aprofunda metodologias nem critérios de qualidade.
O material das Cidades Azuis, criado pela Rede Maré de Ciência, é voltado à resiliência climática nas zonas costeiras e é excelente — mas específico demais.
Já o e-book “Cidades do Futuro”, da Aliança Bioconexão Urbana, traz uma abordagem prática com cases inspiradores, porém, ainda desconectada dos outros materiais.
O problema? Falta costura, falta conversa, falta território.
Esses documentos quase nunca dialogam com quem já está colocando a mão na terra, abrindo nascentes, plantando árvores e recuperando áreas públicas nas margens da cidade. E muitos desses saberes estão nas periferias, nos movimentos populares, nas práticas ancestrais e comunitárias.
E aí entra a contradição: estamos falando de soluções baseadas na natureza, mas quem cuida da natureza hoje muitas vezes nem é ouvido nesse processo. Cadê o protagonismo de quem faz?
Então, se você também sente que está começando num campo onde as regras ainda não foram escritas: bem-vinda ao clube.
A boa notícia é que isso também é uma oportunidade. De inventar, de propor, de costurar junto. Porque o futuro das cidades, das políticas públicas e da regeneração precisa ser coletivo.
Aliás, quer trabalhar com Soluções Baseadas na Natureza? Me manda um oi aqui.
💰 Periferias têm R$ 25 milhões para projetos de infraestrutura baseadas na natureza; Ação interministerial lança edital para promover a adaptação das periferias urbanas vulneráveis às mudanças climáticas.
🌳 UMAPAZ abre inscrição para curso sobre ‘Soluções Baseadas na Natureza'; A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA), por meio UMAPAZ, está com inscrições abertas para 50 vagas no curso. Os encontros serão realizados entre os dias 19 e 28 de maio, das 9 às 12 horas, na sede da UMAPAZ.
🇧🇷 O que pode excluir a sociedade civil da COP30; Movimentos sociais e ONGs têm expectativas de maior participação em Belém, após conferências em países com regimes fechados. Altos custos e entraves burocráticos são desafios
🍿 Mostra Ecofalante de Cinema estreia em São Paulo e vai até 11 de junho; Mostra Ecofalante também terá encontros e debates com especialistas nos temas. “Com isso, o evento virou referência ao mesmo tempo cinematográfica e de discussões socioambientais”, acrescentou Cesar Filho.
💧 Curso de Saneamento ecológico na prática com Adriana Galbiati no SESC; Em três aulas que conjugam teoria e prática, o curso capacita os participantes a reconhecer as possibilidades e recursos disponíveis no seu território e a implantar sistemas simples de tratamento de efluentes, com mão de obra familiar ou comunitária.
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🍴 A pecuária pode ser sustentável?; Termo cada vez mais frequente nas discussões sobre mudanças climáticas e o futuro dos sistemas alimentares, a pecuária regenerativa abrange práticas que revitalizam o solo e restauram a biodiversidade de áreas degradadas.
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⚠️ PL do licenciamento: Senado desmantela segurança ambiental e social do país; Após 21 anos de tramitação, projeto aprovado por senadores cria insegurança em prol do desenvolvimento econômico
Semana da Compostagem mostra que é possível regenerar com resíduos em São Paulo
"Onde será que eu jogo isso?" é uma pergunta que ainda carrega vergonha, mas estamos todos aprendendo.
Tive o prazer de participar do encerramento da Semana da Compostagem Planta Feliz Adubo Orgânico 2025, um evento que reuniu as cabeças pensantes que estão fazendo a diferença no mundo da compostagem e sustentabilidade!
Quem observa a natureza é mais resiliente para adaptação climática, conheça o Jorge Forager.
@jorge_forager, mestre dos cogumelos em Paraty, acredita que regenerar o meio ambiente começa com algo simples: conhecer o lugar onde a gente vive.
Nesse carrossel, ele mostra por que agir local importa – da importância das plantas nativas até a incrível rede viva dos fungos, que conectam tudo debaixo da terra.
se você leu até aqui e se interessou por algum conteúdo específico, fique à vontade para me chamar no insta @vivinoda.
Ótima semana <3